Por: Enéias Tavares
As filmagens de A Todo Vapor! – a websérie de Brasiliana Steampunk – começaram nessa semana. E para comemorar, Enéias Tavares começa a assinar sua coluna dedicada aos bastidores desse projeto audiovisual fantástico: Bem-Vindos ao seu Noitário de Produção!
Como muitos projetos colaborativos, A Todo Vapor!, começou com um feliz desencontro. Eu já tinha tentado duas vezes desenvolver um audiovisual baseado na minha série literária Brasiliana Steampunk, ambas tentativas malsucedidas por, respectivamente, boas ideias e pouco interesse, e muito interesse e ideias não muito boas. E sendo fascinado por literatura, quadrinhos & cinema, compreendo a importância do audiovisual para o pulo do gato que ainda precisamos dar em nosso país entre a fantasia e o grande público, desafio já superado em países que encontraram uma verdadeira mina de ouro no storytelling transmídia – vide Star Wars, Marvel Universe, Game of Thrones e tantos outros.
Já Felipe Reis, a quem eu já conhecia da websérie Conversas de Elevador, de quadros do programa Nossa Língua da TV Cultura e de uma rápida passagem pela versão nacional de Chiquititas, estava em busca de um show super-heroico e steampunk… Ambientado no Brasil! Só que além de estar um tanto inseguro com o roteiro, ele queria alguém que pudesse trabalhar com ele em São Paulo e que tivesse entusiasmo e disponibilidade para encarar o primeiro grande projeto da Cine Kings, sua produtora recém-inaugurada.
Felipe Reis visitando as Primeiras Locações de A Todo Vapor!
Por um feliz acaso – que envolveu Jesse Reeves e Débora Silva, duas entusiastas paulistanas do Steampunk, que se tornariam figuras centrais dos figurinos da websérie, ao lado de Thaís Viana – Felipe chegou ao meu nome e ao meu trabalho. Logo ele percebeu que nos quesitos entusiasmo e ideias insanas, era check duplo. O problema era a proximidade: moro no extremo sul do Brasil, a mais de mil quilômetros de São Paulo!
Mas como não estamos em tempos de tecnologia a vapor – ao menos não no mundo real –, estamos em tempos de Whattsap, Skype, Facebook e Dropbox, entre outras ferramentas essenciais ao trabalho colaborativo – algo que aprendi trabalhando com Affonso Solano na LeYa e com Guilherme Guedes no Grupo Epic – rapidamente chegamos num consenso. Sua ideia original seria mantida, sobretudo para comportar uma história que pudesse ser filmada em São Paulo, mas nós traríamos A Todo Vapor! para o mundo de Brasiliana Steampunk, integrando as várias ações transmídia que compõem o universo expandido da série literária.
Nosso primeiro desafio foi decidir o formato ideal – uma temporada de 8 episódios de dez minutos – que contasse uma história com começo, meio e fim, e que deveria tanto apresentar o cenário e o grupo de heróis de modo a ser compreensível para uma audiência que nunca ouvira falar do livro ou do cardgame, mas que também agradasse aos leitores e leitoras de Brasiliana Steampunk, em especial aqueles que entraram no universo da série através do primeiro livro, A Lição de Anatomia do Temível Dr. Louison – 2014.
Logos da Série e da Produtora e Primeiras Páginas do Roteiro
Depois de definirmos qual seria o arco, elegemos como protagonistas os inéditos Juca Pirama – que será interpretado pelo próprio Felipe Reis – e Capitu de Machado – Thais Barbeiro –, que receberão a ajuda dos heróis do Parthenon Místico, Vitória Acauã, Doutor Benignus, Sergio Pompeu e Bento Alves, além de participações especiais de Beatriz de Almeida e Souza (!) e Antoine Louison (!!), e fomos em direção ao cenário da história. E é claro que teria de ser Paranapiacaba, sobretudo por ser a sede da SteamCon, o maior evento steampunk do Brasil.
Com personagens e cenário definidos, chegamos ao enredo, que envolveria enigmáticos e horrendos assassinatos baseados nos arcanos do tarô e também outros personagens célebres da nossa literatura brasileira que ainda não tinham feito sua entrada na série, como a Aurélia Camargo de José de Alencar, o Padre Eugênio de Bernardo Guimarães e Leonardo Pataca de Manuel Antônio de Almeida, nossos ilustres coadjuvantes – ou ilustres suspeitos?! Enquanto definíamos tudo isso ainda no argumento, Marcus Lorenzet – o autor do Tarot de Brasiliana Steampunk –, ficou com a responsabilidade de criar um logo para a websérie e também redefinir a marca da Cine Kings em formato steampunk. Entre abril e maio de 2017, nos dedicamos à escrita do roteiro, tarefa que resultou em mais de cem páginas e 20 mil palavras.
Na próxima entrada do nosso Noitário Criativo, iremos tratar do enredo dessa ópera e do que vocês podem esperar da websérie de Brasiliana Steampunk. Um grande abraço a todos e nos sigam nas redes sociais para saberem mais da produção de A Todo Vapor!
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